quarta-feira, 20 de julho de 2011

PRECONECEITO LINGUÍSTICO?



Há algumas semanas que ouvimos falar sobre um livro didático que será (bom, ia ser, não sei se ainda irá...) distribuído nas escolas públicas do país. No qual há graves ‘erros’ de gramática e ortografia.

Segundo os autores do livro, o Brasil possui uma grande variedade regionalista na forma de falar e que, as mesmas deviam vigorar na forma escrita. Bom, acho que fato da variedade regionalista é de conhecimento geral e, portanto, nem precisava ser mencionado, nem mesmo na tentativa de justificar isso que, a meu ver, é um absurdo. Porém o que mais me intriga é a capacidade (leia-se: coragem) desses autores em propor esta, vamos dizer, ‘reforma’ na língua portuguesa ensinada em nossas escolas.

Espere um pouco! Não acabamos de passar por uma reforma ortográfica internacional para aproximar a linguagem escrita dos países de Língua Portuguesa? Então porque modificar nossa escrita, de modo, a diferenciá-la e distanciá-la do objetivo deste recente acordo firmado?

Antes do acordo ortográfico, que começou a vigorar a partir de janeiro de 2009 e levou 18 anos desde sua elaboração até a sua aprovação, documentos internacionais tinham que ser publicados em dois “tipos” de português: o Português de Portugal e o Português Brasileiro. Então com a proposta destes autores, além das coisas voltarem a ser assim (fazendo desnecessário este acordo que levou tanto tempo para vigorar), dentro do próprio país teria que se publicar a mesma informação em vários ‘portugueses’ regionalizados?

Os autores afirmam que, o intuito de se ensinar a escrever da mesma forma que falamos, é facilitar o aprendizado daqueles que possuem dificuldades para assimilar a norma culta do nosso idioma. Eu acredito que não seria facilitar, mas sim dificultar, pois a falha na comunicação dentro de uma mesma cidade, por exemplo, poderia ser algo ainda mais corriqueiro e em alguns casos catastróficos. Pensemos bem: quantas pessoas de diversas regiões do país convivem conosco? Ao falar já temos algumas dificuldades para entender alguns regionalismos, porém se perguntarmos ao nosso interlocutor do que se trata determinada expressão obteremos uma resposta de mais fácil entendimento. Mas como perguntar para uma informação escrita anterior a nossa leitura? Ou ainda: suponha que venhamos a entrar em um site de uma instituição, por exemplo, de uma região diferente da qual vivemos e, lá, encontrarmos diversas expressões regionais sobre as quais não temos domínio algum. Isso não seria um empecilho para a nossa troca de informações?

Entendo que, se escrevêssemos realmente da forma que falamos, talvez fosse mais fácil assimilar alguns conceitos, porém não podemos esquecer de que deve sim haver uma linguagem padrão a qual todos tenham acesso, independente de morar no Rio Grande do Sul ou no Pará, no nordeste ou no centro-oeste. A linguagem regional pode ser aprendida em qualquer lugar, aliás, nós a aprendemos em qualquer lugar: no seio da família, numa conversa entre amigos, em todo canto do ambiente em que vivemos. Receio que não seja necessário modificar todo um idioma a fim de adaptar esse regionalismo às salas de aula. Um exemplo bem nítido de que, determinadas formas de se expressar, não é aprendida na escola, é o que comumente chamamos de ‘internetês’ usado por jovens do Brasil todo. Aquele verdadeiro ‘homicídio’ cometido com a língua portuguesa presente em sites juvenis, blogs, chats e afins não precisou ser lecionado dentro da sala de aula. E mesmo utilizando-se deste ‘recurso’ os jovens sabem da existência da norma culta, ou padrão, do nosso idioma e, quando se trata de algo formal, sabem utilizá-la.

Será que é mesmo necessário ensinar os alunos a escreverem: ‘Os livro da biblioteca tão imprestado’?

Aliás, qual foi a norma que utilizaram para ‘explicar’ a teoria do ‘Preconceito Linguístico’? Não foi por acaso a norma culta?

Será realmente necessário massacrar o nosso idioma oficial, criando ‘dialetos’ que, podem confundir e, até mesmo, impedir nossa comunicação escrita?

Eu ainda continuo pensando que não.

 Mas e você, querido Leitor ou Leitora?
Acha que nosso idioma precisa mesmo de mais uma ‘reforma’ deste tipo?

Responda nossa enquete!
 Voltaremos a falar sobre isso em breve.

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