segunda-feira, 18 de julho de 2011

A SEGUNDA-FEIRA E O NOSSO TEMPO



Porque sempre acordamos ainda mais cansados nas manhãs de segunda-feira?
Você já deve ter reparado que, toda segunda, acorda exausto como se não tivesse descansado absolutamente nada no fim de semana que a antecedeu.
Porque isso acontece? Porque sempre temos, logo ao acordar, a impressão que o dia vai ser horrível? Porque sentimos um forte desejo de permanecer na cama, prolongando aquele tempinho em que estamos confortáveis? Por quê? O que nos leva a ansiar por um tempo a mais de descanso?

O Leitor pode estar pensando neste momento que, o que vai se desenrolar nas próximas linhas, é mais um discurso psicanalítico dizendo que acordamos cansados, e alguns de mau humor, nas segundas-feiras, porque nosso cérebro e nosso emocional se recusam a voltar a nossa rotina diária, visto o comodismo que pôde experimentar no descanso semanal.Porém, não o é. 


Não é por isso que estou aqui.


O Fato que me trás a este tema no dia de hoje é: Eu também sou Humano. E, como tal, também tenho as mesmas sensações, dificuldades e pensamentos que é comum a todo indivíduo da Humanidade.

 Hoje à mesa do café, estava discutindo com minha mãe sobre este assunto, então decidi escrever este post sobre as coisas que podemos aprender com essas dificuldades que enfrentamos a cada semana (e alguns, a cada dia). Embora, nem mesmo eu, soubesse ainda se poderíamos aprender algo realmente válido com isso. Mas, logo no começo do dia ocorreu-me um pensamento inovador.

 Você, querido Leitor, já reparou que nunca, ou quase nunca, temos um tempo ‘só nosso’(ou ao menos é essa a impressão que temos)? Ou reparou que quando temos este Tempo, ele se esvai tão rápido quanto fumaça? Pois bem. Talvez o grande motivo de nosso desconforto no amanhecer de cada semana seja exatamente este: a falta de um ‘tempo só nosso’. Porém, pode ser que o problema não seja no ‘Tempo’ propriamente dito. Mas, a forma como nós o vemos.

 - O que você está querendo dizer com isso Raphael?

Explico.

Costumamos desempenhar diariamente inúmeras tarefas.
Uns trabalham. Outros Estudam. Outros Trabalham e estudam!
E além de tudo ainda temos os ‘afazeres domésticos’ como arrumar a casa, o quarto, ajudar os pais, os irmãos, e outras tantas atividades que cabe a cada um de nós lembrar, e contar, quais são. 
E onde é que fica nosso tempo nisso tudo?
Exatamente aí. Onde deveria estar.

- Como assim ‘aí, onde deveria estar’?

Caso ainda não tenhas entendido, pense: o tempo que você ‘gasta’ com cada um desses afazeres, era para ser SEU. Certo?

E ELE REALMENTE É!

O tempo que você ‘gasta’ no seu trabalho É o seu tempo.
O tempo que você ‘gasta’ nos estudos, também É. Bem como o dos demais afazeres. Nós acreditamos que, só porque dedicamos nosso tempo a outras pessoas e/ou atividades, ele deixa de ser nosso. O que é um equívoco. Se soubéssemos vivenciar cada momento tornando-o único e prazeroso, não teríamos essa impressão de que, muitas vezes, estamos perdendo nosso tempo.
Se transformarmos o tempo que passamos com as outras pessoas novamente no ‘nosso tempo’, certamente nos sentiremos aliviados dessas tensões que nos afligem.

Não. Isso não é nem de longe fácil de fazer. Principalmente se uma ou mais destas atividades forem algo que você NÃO gosta de fazer de maneira nenhuma. Eu mesmo estava tentando aplicar essa teoria enquanto a desenvolvi (no meu trabalho), e não funcionou muito bem. Afinal, eu não trabalho naquilo que realmente gostaria. Porém, coloquei na minha cabeça que iria mesmo assim tentar aplicar esse novo pensamento antes de aconselhar alguém a fazê-lo. E lá vou eu tentar ser otimista, em uma segunda em que acordei cansado (como sempre), atrasado e, ainda, em um trabalho que eu não sinto prazer algum ao executar.
Tudo parecia ser inútil. Pensei até que tinha ‘perdido meu tempo’ pensando em uma solução para amenizar os efeitos negativos das manhãs de segundas-feiras. Até o momento que me ocorreu uma transação: eu não sinto prazer em trabalhar com as coisas que trabalho, mas e se eu reformulasse a minha forma de trabalhar? De modo que eu fizesse as coisas que não gosto de uma maneira gostosa de fazer. Eureca! Essa foi a solução para meus problemas (ou pelo menos em partes foi). Reformulei e fiz meu trabalho da forma que eu julguei conveniente para mim e para os padrões da empresa em que trabalho. Resultado: efeitos negativos da trágica segunda reduzidos a quase zero!


Se estiveres procurando um exemplo bem simples para entender melhor, aqui vai um: Se você não gosta de varrer...Já experimentou varrer ao som de sua música favorita, cantando e, até mesmo, dançando com a vassoura? Isso funciona bem não é? (Só não vá se empolgar demais com a música e esquecer de executar a tarefa que antes parecia tediosa =P)

- Espere um pouco. Você disse ‘QUASE zero’?? Então isso não é tão eficaz como deveria?

Bom, não é de se espantar que não desse 100% certo, afinal, nada pode ser tão perfeito assim, e eu não pretendo enganá-los com falsas expectativas. Sempre vai haver uma ou outra coisa (ou pessoa!) que não vai dar pra mudar totalmente. Mas uma coisa eu garanto: se reformularmos todas as nossas atividades (dentro dos limites que por vezes nos é imposto) de modo que consigamos fazer tudo de uma forma menos estressante e/ou divertida, conseguiremos, sim, ter uma segunda-feira e uma semana toda de melhores ânimos. Lembra o post de ontem sobre vencer e contornar os obstáculos agindo como um Rio que flui? Então. Acho que se aplica muito bem aqui: contornar os obstáculos que nos impede de ter nosso tempo de volta, quando não podemos simplesmente passar por cima deles, já é um bom começo.^^

 Uma vez estavam um jovem budista e seu mestre assentados á beira do pomar de tangerinas que havia no monastério. O mestre então apanhou uma para si e ofereceu outra ao seu discípulo. Nisso o discípulo começa a falar sobre quão farta seria a colheita que fariam dentre alguns dias. Sua empolgação era tanta ao falar que colocava um gomo de tangerina após o outro na boca, como se estivesse com pressa em terminar, para poder continuar a conversa. O mestre ao ver a agitação do jovem interpelou-o sobre suas atitudes. Ao que, o jovem respondeu:
- Mestre, temos todo um pomar de tangerinas. Porque eu deveria me demorar em comer uma única?
O mestre então respondeu:
- Para que possas apreciar o sabor. Simplesmente por isso. Você não sente o doce sabor da tangerina porque tem pressa. Como pretendes apreciar o doce sabor da vida e chegar à iluminação se nem ao menos para coisas mais simples você aquieta sua mente e o seu coração? Você deve se unificar com cada gomo, como se este fosse o último. Só assim você aprenderá, também a se unificar com a felicidade e com as coisas maiores que alcançar.

Bom acho que falar mais sobre essa pequena história seria... como se diz mesmo? Chover no molhado. Não é?

Acho que essa história resume a essência do que eu quis dizer.
Devemos nos unificar com cada momento. Com cada trabalho executado. Com cada segunda-feira. Com cada dia. De modo que nosso tempo volte a ser novamente NOSSO, ou melhor, que voltemos a enxergá-lo dessa forma. Porque, afinal, nosso tempo começa quando nascemos, mas não sabemos ao certo quando realmente termina.

Vivamos, mas vivamos bem!

Apreciemos o Tempo que temos. Não vamos deixar pra ser feliz ou sentir satisfeito depois, em um momento em que estejamos sozinhos (como por vezes desejamos). Mas, sejamos felizes agora! Juntos com outras pessoas. Pois ‘a felicidade é o bem que, quanto mais se divide, mais se tem’. Não é mesmo?


Um enorme abraço e uma boa semana a todos.
                   
                           Raphael Convoitise - ABSYNTHE

Um comentário:

  1. É realmente verdade que deixamos de ver o tempo q dedicamos aos outros como sendo nosso. Eu nunca antes tinha me tocado disso...sempre é nosso tempo!!! Vou dar mais valor nisso agora! :-)

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