segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Hathor - Deusa do Amor e do Júbilo

Hathor – Deusa do Amor e do Júbilo



Hathor era uma das Deusas mais veneradas do Egito Antigo, tanto pela realeza quanto por cidadãos comuns, em cujas sepulturas ela é descrita como a “Senhora do Ocidente”.

Era a Deusa das mulheres, das mães (costumava-se inclusive invocá-la durante os partos), dos céus, do amor, da dança, do vinho e da necrópole de Tebas, pois era ela quem acolhia os corpos e velava pelos túmulos e pelas almas.

O culto a Hathor é um dos mais antigos do Egito, antecede ao período histórico, e as raízes da veneração à Deusa são, portanto, difíceis de serem apontados, mas a origem mais aceitável vem da teoria de que o culto se desenvolveu na pré dinastia, quando veneravam a fertilidade e a natureza em geral, cujo principal símbolo eram vacas. Hathor costuma ser representada como uma vaca divina, com chifres sobre sua cabeça, entre os quais está um disco solar com um Uraeus (a naja que vemos comumente a adornar a cabeça dos faraós e templos egípcios, era o símbolo da proteção, invencibilidade e imortalidade).

Hathor pode ter sido a mesma Deusa-vaca que é representada desde os tempos mais arcaicos, como na paleta de Narmer (um dos mais antigos registros hieroglíficos conhecidos até hoje) e sobre uma urna de pedra que data da primeira dinastia egípcia, e que sugere seu papel como Deusa Celestial e uma possível relação com o Deus Hórus, Deus do Sol, que faria sua “morada” nela, daí o nome Hathor que em egípcio antigo quer dizer “Casa de Hórus”.

Os antigos egípcios viam a realidade como consistindo de camadas múltiplas, nas quais as divindades se misturavam de diversas formas e por diversos motivos, mantendo atributos e mitos distintos e divergentes, mas que não eram entendidos como contraditórios e sim com complementares. Por isso encontraremos definições de Hathor como sendo Mãe, Filha ou Esposa de Rá, como Ísis e por vezes é descrita como mãe de Hórus, e associada à Bast.

Hathor tinha uma relação complexa com Rá; em um mito a vemos como sendo seu olho, e representada como sua filha, porém quando Rá assume o papel de Hórus em relação à monarquia ela passa a ser considerada sua mãe, absorvendo o papel de outra Deusa-vaca, Mehet-uret, ‘Grande Enchente’, que tinha sido mãe de Rá em um mito de criação e o carregado entre seus chifres. Nesta nova representação como mãe de Rá, dava a luz a ele toda manhã no oriente e, como sua esposa, o concebia através da união noturna.

 Quando Hórus passou a ser identificado com Rá, no panteão egípcio, sob o nome de Ra-Horakhty, a posição de Hathor passou a ficar pouco clara, já que em certas versões posteriores do mito ela seria a esposa de Rá, porém nas versões mais arcaicas ela era a mãe de Hórus. Diversas tentativas de resolver este problema deram a Ra-Horakhty uma nova esposa, Ausaas, para contornar o problema de quem seria a esposa de Ra-Horakhty, e Hathor passou a ser identificada apenas como a mãe do novo deus-sol. Isto deixou, no entanto, em aberto uma questão sobre como Hathor poderia ser a sua mãe, já que isto implicaria que Ra-Horakhty seria um filho de Hathor, e não o seu criador. Estas inconsistências foram desenvolvidas à medida que o panteão egípcio foi sendo alterado, ao longo de milhares de anos, e se tornou 
extremamente complexo; algumas nunca chegaram a ser resolvidas. Em certas regiões onde o culto a Thoth adquiriu força, este passou a ser identificado como o criador, o que o transformou em pai de Ra-Horakhty; nesta versão Hathor, como mãe de Ra-Horakhty, passou a ser descrita como esposa de Thoth. Nesta versão daquela que é conhecida como a cosmogonia Ogdóade, Ra-Herakhty era representado como uma criança jovem, frequentemente chamada de Neferhor. Quando era considerada a esposa de Toth, Hathor costumava ser representada como uma mulher amamentando seu bebê. Como Seshat havia sido considerada anteriormente a esposa de Toth, Hathor passou a ser descrita com diversas das características de Seshat, como a sua associação com registros e sua atuação como testemunha no julgamento das almas no Duat; estes atributos, juntamente com sua posição como deusa de tudo que era bom, fizeram que com que passasse a ser descrita como (aquela que) expulsa o mal (Nechmetawaj, Nehmet-awai ou Nehmetawy, em egípcio). Nechmetawaj também pode ser traduzido como (aquele que) recupera bens roubados, e assim, nesta forma, tornou-se a divindade dos bens roubados. Além do culto a Toth deste período, também se considerava importante manter a posição de Ra-Herakhty (ou seja, Rá) como auto-criador (através das forças primitivas da Ogdóade). Assim, Hathor não podia ser identificada como mãe de Ra-Herakhty. Seu papel no processo da morte, de receber os mortos recém-chegados com comida e bebida fizeram com que passasse a ser identificada, em determinadas ocasiões, com uma esposa de Nehebkau, guardião da entrada do mundo inferior e aquele que atava o Ka. Ainda assim, nesta forma, ela manteve o nome de Nechmetawaj, já que seu aspecto de divindade que devolvia os bens roubados era tão importante para a sociedade que foi conservado como um de seus papéis. Bolas votivas de faiança costumam ser associados a esta divindade, embora o significado preciso desta relação ainda seja desconhecido.

Hathor possuía ainda uma representação sob forma terrena chamada Hesat, que também vista como esposa de Rá.
Nesta qualidade de versão terrena da deusa-vaca, dizia-se que o leite era a cerveja de Hesat (cujo nome significava "leite"). Como vaca leiteira, Hesat era considerada a ama-de-leite dos outros deuses, aquela que cria todo o alimento. Assim, era retratada como uma vaca branca que portava uma bandeja de comida sobre seus chifres, com leite escorrendo de suas tetas.

Nesta forma terrena também era, dualisticamente, a mãe de Anúbis, o deus dos mortos - já que, como responsável por alimentar, ela traz a vida que Anúbis, como a morte, se apodera. Como a manifestação terrena de Rá era o touro Mnévis; os três, Anúbis como o filho, Mnévis como o pai e Hesat como mãe, foram identificados como uma tríade familiar, e cultuados como tal.

Essencialmente, Hathor havia se tornado uma deusa da alegria, e como tal era amada profundamente pela população em geral, e reverenciada especialmente pelas mulheres, que aspiravam personificar seu papel multifacetado de mãe, esposa e amante. Nesta condição, ela conquistou os títulos de Senhora da Casa do Júbilo e Aquela que Preenche o Santuário com Alegria. O culto a Hathor era tão popular que diversos festivais eram dedicados à sua honra - mais do que qualquer outra divindade egípcia - e mais crianças recebiam o seu nome do que qualquer outra divindade. Até mesmo o sacerdócio de Hathor era incomum, na medida em que tanto homens quanto mulheres podiam se tornar seus sacerdotes. 

Uma das principais festividades se dava em Dendera, onde ergueu-se, no templo ptolomaico, um imponente templo em sua honra, que a deusa deixava, anualmente, para, após uma prolixa viagem através do Nilo (em que o seu temperamento bravio era suavizado por músicas e bebidas) consumar o seu divino casamento com o deus- falcão Hórus, que a aguardava em Edfu (cidade situada a cerca de cento e sessenta quilômetros a montante do Nilo). Esta diligência mítica, que mantinha Háthor afastada da sua morada durante cerca de três semanas, era celebrada pelos egípcios com um festival alegre e faustoso. Procurando reproduzir o trajeto executado pela deusa, a solene procissão seguia então pelo rio, rasgando com uma barca (“A Bela de Amor) onde, detentora de um fastígio inigualável, uma estátua de Háthor se elevava. Concomitantemente, os sacerdotes de Edfu preparam o encontro dos esposos, que ocorrerá no exterior do santuário, mais exatamente numa exígua capela localizada a norte da cidade. Este encontro deveria suceder num momento preciso, ou seja, à oitava hora do dia da lua nova do décimo primeiro mês do ano. Quando por fim Háthor abençoa Edfu com a sua magnífica presença e perfuma aos lábios de seu esposo com o incenso de um beijo, iniciam-se então as festividades, no decorrer das quais a deusa é aclamada, saudada e inebriada com a música docemente tocada em sua honra. Não era, pois Háthor a “Dourada”, a “Dama das Deusas”, “A Senhora” e “A Senhora da embriagues, da música e das danças”?
Seguidamente, os esposos separam-se e ocupam as suas barcas, para que o cortejo possa dirigir-se para o santuário principal, onde os sacerdotes puxam as embarcações para fora de água e instalam-nas no recinto. Uma vez mais acompanhada por seu marido, Háthor saúda então seu pai, o Sol, que ao lado de Hórus velava por Edfu, como referem os inúmeros textos encontrados: “ela vai ao encontro de seu pai Rá, que exulta ao vê-la, pois é o seu olho que está de volta”. Terminado este encontro, tão lendários esponsais são enfim celebrados, prometendo, entre suntuosos festejos, os dois deuses a divinas núpcias de luz. No dia seguinte, dá-se início a uma faustosa festa, que se demora pelos catorze dias do quarto crescente, num período de tempo marcado por um rol quase inefável de ritos, sacrifícios, visitas a santuários, celebrações, solenidades, entre outros eventos. Um grande banquete, no fim do qual se dá a separação de Háthor e Hórus consagra o fim das festividades.

Gente, esta pesquisa sobre a Deusa Hathor me deixou com uma imensa dor de cabeça, demorei um bom tempo para entender este emaranhado de representações e ainda tem coisas que não consegui entender (não é pra menos, né? Afinal, acho que ninguém conseguiria entender toda uma cultura milenar em algumas horas, não é mesmo? ^^). Bom, mas o fato é que ela é uma deusa de Alegria, Maternidade, Amor e é aquela que alimenta todos os seres, por isso sempre foi muito amada pelo povo egípcio.  Quem quiser trabalhar com esta Deusa do verdadeiro Amor e da felicidade e/ou quiser fazer-lhe o pedido para ser feliz a dois, peça que ela te coloque junto daquela pessoa destinada a te fazer feliz, que você também seja o par ideal desta pessoa, que seja uma união abençoada no espírito e no visível, pois é ela também responsável por um conceito egípcio das almas bipartidas ou almas gêmeas. Ela só nos pede para sintonia, incensos. Era comum no Antigo Egito que fossem de açafrão de marsala (a erva do amor verdadeiro). recomendo  também incenso de Lótus e Amor Perfeito, a todos ela responderá com grande satisfação, creio eu.


Representação de Hathor, Museu do Cairo

Parede Interna do Templo de Dandara

Paleta de Narmer

Templode Dandara



Um Grande Abraço,

                                               Raphael Convoitise

Um comentário:

  1. Olá, amei esse texto... mas estou profundamente em dúvida de como iniciar-me nos mistérios de Hathor... como posso dedicar um culto à ela... parece-me que ela representa muito bem as três faces da Deusa e ainda como no Esbat de Yule eu posso presenciar sua energia criadora de luz. Mas não consigo ver com que objetos e em que estrutura poderia honrar essa maravilhosa mãe.
    por favor responda-me walacemd@gmail.com 21984027015

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